A GLÂNDULA TIREÓIDE

A tireoide é uma glândula em forma de borboleta, que fica localizada na parte anterior pescoço, logo abaixo da região conhecida popularmente como pomo de Adão. Tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas (no adulto). Ela age na função de órgãos importantes como o coração, cérebro, fígado e rins. Também desempenha um papel no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração e no humor. Como um maestro de orquestra, quando em perfeito estado de funcionamento, garante o equilíbrio e a harmonia do organismo. Quando ela não funciona adequadamente pode levar a repercussões em todo o corpo em graus variáveis de severidade, desde sintomas que muitas vezes podem passar desapercebidos até formas extremamente graves que podem trazer risco de vida. Se houver produção insuficiente ou exagerada dos hormônios tireoidianos temos o hipotireoidismo ou hipertireoidismo, respectivamente.

Cerca de 10% das mulheres acima de 40 anos e em torno de 20% das que têm acima de 60 anos manifestam algum problema na tireoide. Porém é importante estar atento pois todas as pessoas, independente de sexo e idade, estão sujeitas a alterações desta glândula.

HIPERTIREOIDISMO

HIPERTIREOIDISMO

O hipertireoidismo é uma condição caracterizada pelo aumento da secreção dos hormônios da tireoide, que resultam em tireotoxicose que por sua vez é o conjunto de manifestações clínicas e bioquímicas do excesso de hormônios tireoidianos nos tecidos. Pode originar-se de várias causas.

O risco de mulheres e homens desenvolverem hipertireoidismo em alguma fase de suas vidas é de cerca de 5% e 1%, respectivamente.

Em sua forma mais leve, o hipertireoidismo pode não apresentar sintomas facilmente reconhecíveis ou apenas cursar com sintomas inespecíficos, como sensação de desconforto e fraqueza. Em alguns casos, o hipertireoidismo pode ser uma doença grave e colocar em risco a vida da pessoa.

A doença de Graves (em que o próprio corpo produz anticorpos que “atacam” o órgão – autoanticorpos contra o receptor do TSH: TRAb – thyrotropin receptor antibodies) é a causa mais comum de hipertireoidismo (60 a 80%), seguida por Bócio Multinodular Tóxico (aumento do volume da glândula devido ao aparecimento de nódulos que leva a produção excessiva dos hormônios -10 a 30%), adenoma tóxico (2 a 10%) e tireoidites (inflamação na tireoide).

Os principais sinais e sintomas do hipertireoidismo são:

  • Taquicardia
  • Tremores
  • Intolerância ao calor
  • Suor excessivo (sudorese)
  • Pele quente e úmida
  • Perda de peso
  • Disfunção muscular (fadiga e Cãimbras)
  • Nervosismo, ansiedade, inquietação, insônia
  • Evacuações frequentes
  • Irregularidade menstrual
  • Queda de cabelos

Em idosos, no entanto, o quadro clínico de hipertireoidismo pode ser discreto manifestando-se através de arritmias cardíacas (fibrilação atrial) ou depressão (hipertireodismo apatético)

Os olhos podem apresentar alterações no hipertireoidismo devido a uma hiperatividade adrenérgica (retração das pálpebras, olhar fixo ou assustado) e inflamação (hiperemia conjuntival e palpebral, edema, exoftalmia – olhos saltados)
Os sinais e sintomas característicos do hipertireoidismo podem ser detectados pelo médico. Adicionalmente, exames podem ser utilizados para confirmar o diagnóstico e definir a causa, como os listados abaixo:

  • TSH (hormônio estimulante da tireóide): O TSH é um hormônio que regula a produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4). Quando a produção desses hormônios está alta, o nível de TSH diminui. Quando está baixa, o nível de TSH aumenta para estimular a produção dos hormônios tireoidianos. Um nível sangüíneo baixo do TSH é o melhor indicador de hipertireoidismo.
  • T4 livre e T3. Quando o hipertireoidismo se desenvolve, os níveis de T4 e T3 sobem acima dos valores normais.
  • TRAb (anticorpo contra o receptor de TSH): é um anticorpo específico para a Doença de Graves e está presente em cerca de 90% dos casos e pode ser útil no diagnóstico diferencial de alguns casos de hipertireoidismo.

Antes do desenvolvimento de opções atuais do tratamento, a taxa de morte do hipertireoidismo era maior que 50%. Agora, diversos tratamentos eficazes estão disponíveis. Com o controle adequado, a morte por hipertireoidismo é rara. O tratamento varia dependendo da causa e também da gravidade dos sintomas. O hipertireoidismo pode ser tratado com medicamentos antitireoidianos, iodo radioativo ou cirurgia.

Dentre as principais complicações do hipertireoidismo estão as complicações cardíacas, incluindo taquicardia, insuficiência cardíaca e arritmia. A crise de tireoide ou “tempestade” da tireoide é uma exacerbação aguda dos sintomas do hipertireoidismo que podem ocorrer devido a infecções ou estresse. Pode ocorrer ainda febre, diminuição do estado de alerta e dor abdominal, necessitando nesses casos de hospitalização

HIPOTIREOIDISMO

HIPOTIREOIDISMO

Uma das endocrinopatias mais comuns, o hipotireoidismo acomete cerca de 4% da população mundial e é causado pela síntese ou ação deficiente dos hormônios tireoidianos, os quais são responsáveis pela regulação do metabolismo que pode potencialmente afetar o funcionamento de todo o corpo

No hipotireoidismo, a taxa de funcionamento normal do corpo diminui causando lentidão mental e física. Os principais fatores de risco são idade superior a 50 anos, sexo feminino, obesidade, cirurgia de retirada da tireoide e exposição prolongada a radiação.

A sintomatologia de pessoas com hipotireoidismo é muito variável, dependendo da idade de início, da duração e da gravidade da deficiência dos hormônios tireoidianos. Instala-se de maneira insidiosa, em meses ou anos, podendo passar despercebida ou pode ter uma instalação mais abrupta em casos de interrupção do tratamento com levotiroxina ou após tireoidectomia (retirada cirúrgica da tireoide).

As causas mais comuns de hipotireoidismo são: doença de Hashimoto (uma doença auto imune); tratamento do hipertireoidismo com iodo radiativo; retirada cirúrgica da tireoide para tratar hipertireoidismo ou tumor; uso prévio de medicamentos antitireóideos; pós-parto (transitório em 60-70% dos casos); uso de certos medicamentos como lítio, amiodarona, iodeto e interferon alfa; deficiência na regulação da glândula; inflamação da tireoide; deficiência de iodo (substância importante para a produção dos hormônios tireoidianos) e resistência generalizada ao hormônio tireóideo.

Os principais sinais e sintomas do hipotireoidismo são:

  • Fraqueza e cansaço
  • Intolerância ao frio
  • Pele seca e áspera
  • Pele pálida e fria
  • Queda de cabelos e pelos corporais
  • Unhas fracas, finas e quebradiças
  • Intestino preso
  • Irregularidade menstrual
  • Ganho de peso
  • Dor muscular e nas articulações
  • Palidez (em casos de anemia)
  • Pele amarelada (hipercarotenemia)
  • Colesterol ruim elevado
  • Depressão

O diagnóstico do hipotireoidismo será feito pelo médico com o auxílio de exames laboratoriais que avaliam a função da tireoide. Baseia-se na dosagem do TSH e dos hormônios tireoidianos

Normalmente, encontramos as seguintes características:

  • TSH: todos apresentam concentrações circulantes elevadas de hormônio estimulador da tireoide.
  • T4 livre:os níveis dos hormônios tireoidianos podem estar normais, em casos assintomáticos ou brandos, ou diminuídos.

Como o desenvolvimento dos sintomas e sinais de hipotireoidismo é tipicamente insidioso e a prevalência da forma subclínica é estimada em 40%, é recomendada a avaliação laboratorial de rotina na população em geral, mesmo na ausência dos sintomas.

A American Thyroid Association (ATA) recomenda o rastreio de adultos com mais de 35 anos de idade e a cada 5 anos, além dos pacientes de alto risco:

  • Doença autoimune associada (Diabetes mellitus tipo 1, artrite reumatoide, anemia perniciosa, vitiligo)
  • Parentes de primeiro grau com doença autoimune tireoidiana
  • Pessoas submetidas à irradiação do pescoço e/ou radioterapia
  • História de cirurgia na tireoide ou de disfunção anterior
  • Transtornos psiquiátricos
  • Demência
  • Uso de amiodarona ou lítio
  • Insuficiência adrenal
  • Arritmia, hipertensão, dislipidemia mista, insuficiência cardíaca congestiva
  • Constipação intestinal (intestino preso), alterações do ciclo menstrual, doenças musculares, alterações da pele, ganho de peso

O objetivo do tratamento é repor a deficiência de hormônio da tireoide. O medicamento utilizado é a levotiroxina e o tratamento deverá ser seguido por toda a vida, uma vez que raramente ocorre remissão espontânea da doença. A levotiroxina deve ser administrada pela manhã, cerca de 30 minutos antes da primeira refeição.

A complicação mais grave do hipotireoidismo é o mixedema que pode levar ao coma, mas que felizmente é rara. Ele pode ser causado por infecções, exposição ao frio, certos tipos de medicamento e outras doenças. No coma pelo mixedema ocorre alteração do comportamento, diminuição da respiração, queda da pressão sanguínea, do açúcar no sangue e da temperatura. Doenças cardíacas, infecções, infertilidade e abortamento, também podem ocorrer como complicações do hipotireoidismo.

NÓDULOS TIREODIANOS

tirioideUm nódulo de tireoide é uma massa de tecido tireoidiano que cresceu ou um cisto cheio de líquido que se forma na tireoide. As chances de desenvolver nódulos aumenta à medida que você envelhece.

Os nódulos de tireoide são um achado bastante comum, muito mais comuns do que se pensa.

A doença nodular da tireoide, inclui nódulos únicos (solitários) e o bócio multinodular. Tem causas diversas e na maioria das vezes são benignos. São mais frequentes em :

  • Mulheres
  • Pessoas idosas
  • Indivíduos com história de exposição à radiação ionizante, principalmente na área da cabeça e pescoço
  • Áreas de deficiência de iodo.

Na maioria das vezes, apresentam evolução lenta e sem sintomas e são descobertos ao acaso durante uma ecografia de pescoço ou por um exame médico de rotina em que o pescoço é palpado.

Embora os sintomas não sejam comuns, um nódulo grande pode, às vezes, causar dor, rouquidão ou atrapalhar a engolir ou respirar.

Descobri que tenho nódulo na tireoide.

Com a descoberta de nódulo tireoidiano, o paciente deve ser submetido a uma história clínica completa e exame físico focando a glândula tireoide e linfonodos do pescoço

Os exames de laboratório são importantes para saber se o nódulo é hiperfuncionante (produtor de muito hormônio tireoideano, chamado de “nódulo quente”) ou hipofuncionate (não produtor de hormônio tireoideano, chamado de “nódulo frio”).

Para reunir mais informações sobre o nódulo, o médico pode solicitar um ou mais dos seguintes exames: ecografia de tireoide, cintilografia de tireoide e biópsia por agulha fina (PAAF).

Os exames que deverão ser realizados devem ser estabelecidos pelo endocrinologista.

Nódulo de tireoide é igual a câncer?

Se você teve diagnóstico de nódulo ou nódulos tireoidianos, não precisa entrar em pânico, pois a maioria costuma ser benigna. De qualquer modo é necessário investigar.

O que é a Punção aspirativa por agulha fina (PAAF)?

tiroide4A PAAF é o método de avaliação dos nódulos tireoidianos (na qual se obtém material do nódulo) de maior acurácia, que possibilita a diferenciação entre lesões benignas e malignas. É de fácil execução e tecnicamente simples.

Indicação de PAAF:

– Nódulos maiores que 1 cm

– Nódulos menores que 1cm, porém com imagem suspeita de malignidade na ecografia.

Nódulos menores do que 1cm e sem características suspeitas na ecografia são mantidos em observação e reavaliados com novas ecografias de periodicidade anual.

Em todos os casos descritos o importante é que você faça a investigação solicitada pelo seu médico e, no caso de ficar em observação e reavaliação, obedeça aos períodos estipulados para novas consultas e mantenha os exames em dia.

Como os nódulos da tireoide são tratados?

O tratamento depende do tipo de nódulo da tireoide.

Para nódulos cancerosos ou suspeitos está indicada a remoção cirúrgica da tireoide. Outros tipos de nódulos, tem indicação de remoção cirúrgica quando ficam muito grandes e causam problemas para engolir ou respirar, mesmo quando eles não são cancerosos.

 Nódulos hiperfuncionantes quase nunca são cancerosos, mas eles podem causar hipertireoidismo (aumento nos níveis dos hormônios da tireoide no organismo) que pode levar a problemas de saúde. Estes nódulos podem ser removidos cirurgicamente ou tratados com iodo radioativo.

A cada 6 a 12 meses, seu médico precisa monitorar todos os nódulos de tireoide que não foram removidos. Este acompanhamento pode envolver exame físico, exame de ultra-som da tireoide ou ambos. Se o nódulo crescer, você pode precisar de repetir a biópsia por agulha fina. Mesmo se esta biópsia mostrar que o nódulo é benigno, o médico pode recomendar a remoção cirúrgica de um nódulo que está crescendo.

O que você deve fazer se achar que tem um nódulo de tireoide?

Se você acha que tem um nódulo na tireoide, consulte o seu médico, que poderá encaminhá-lo a um endocrinologista (especialista em doenças relacionadas aos hormônios) para o diagnóstico e tratamento. Depois siga o tratamento recomendado e acompanhamento com seu médico conforme a necessidade.

Auto-exame da tireoide

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10 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CÂNCER DE TIREOIDE

Câncer de Tireoide é o quinto tipo de câncer mais comum nas mulheres e o décimo sétimo mais prevalente nos homens. Se diagnosticado precocemente, aumenta as possibilidades de sucesso do tratamento. Confira abaixo, 10 coisas que você precisa saber sobre a doença.

  1. Embora seja três vezes mais frequente nas mulheres, a doença afeta também os homens. Nas mulheres, a fase de maior risco é no período reprodutivo.
  1. Dentre os fatores de risco para o câncer de tireoide vale ressaltar o histórico familiar de câncer de tireoide e a exposição à radiação.
  1. Em termos de prevenção, é importante que o paciente seja sempre examinado através de exame clínico seguido, quando necessário, de ultrassom.
  1. Seus sintomas são silenciosos e, por isso, é importante o autoexame da tireoide sempre que possível. O mais expressivo é a palpação de um nódulo na tireoide, ou seja, na região anterior do pescoço.
  1. Quando identificado um nódulo na tireoide, para saber se é benigno ou maligno, o diagnóstico de câncer é feito através de uma punção realizada por meio de uma agulha fina, aplicada diretamente no nódulo. O procedimento é simples e pouco doloroso. É retirada menos de uma gotinha do nódulo para que seja averiguado o diagnóstico. A punção do nódulo deve ser guiada por uma ultrassonografia.
  1. Para realizar o tratamento é necessário que seja feita uma cirurgia para a retirada da glândula da tireoide, chamada tireoidectomia, seguida de uma terapia hormonal. Em alguns casos específicos é preciso complementar o tratamento cirúrgico com iodo radioativo.
  1. A terapia do hormônio tireoidiano após a operação deverá focar na diminuição do nível do TSH (em inglês é hormônio estimulador da Tireoide), evitando assim problemas futuros. Com a remoção da tireoide, o paciente desenvolve o hipotireoidismo e necessitará de reposição do hormônio T4 (levotiroxina) para o resto da vida.
  1. Fazer Radiação no pescoço também é uma maneira de prevenção, até mesmo para averiguar a existência de outras doenças como: Linfoma, Câncer de Laringe, entre outros.
  1. Existem quatro tipos de câncer de tireoide: papilífero (o mais comum e menos agressivo), folicular (também pouco agressivo), medular e anaplásico (bem agressivo e raro, que costuma ter uma sobrevida curta de 6 meses a 1 ano, mas geralmente acomete pessoas mais idosas).
  1. Se você acha que tem um nódulo de tireoide, consulte um endocrinologista (o especialista em condições relacionadas aos hormônios) para diagnóstico e tratamento. Em seguida, siga o tratamento recomendado e acompanhe com o seu médico. Leia mais. http://www.endocrino.org.br/entendendo-o-cancer-de-tireoide/

Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia ( SBEM )