A obesidade está aumentando assustadoramente em vários países, incluindo o Brasil. No mundo todo já é causa para mais mortes do que a desnutrição. Consegue imaginar esse cenário? Há dois bilhões de obesos e mais pessoas morrendo por excesso de comida (de má qualidade) do que pela falta dela, uma realidade que seria improvável há poucas décadas.
Segundo a pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal, e desses, 17,5% são obesos. Como são dados coletados há cinco anos a situação pode ser mais grave agora.
Elisangela Cubas, endocrinologista e metabologista do Paraná, respondeu as dúvidas mais frequentes sobre esse tema. Confira!
1- Como posso saber se sou obeso?
Calculando o IMC (índice de massa corporal) você saberá se está cima do peso. Para saber o quanto do excesso de peso vem da gordura acumulada é preciso fazer o teste de bioimpedância, que identifica a porcentagem de massa gorda e massa magra em seu corpo.
2- Quais as causas da obesidade?
Normalmente a preferência por alimentos cheios de gordura, açúcar e carboidratos, associados à falta de atividades físicas. Também há causas genéticas e patológicas. Algumas doenças alteram o hipotálamo, parte do cérebro que concentra as sensações de fome e saciedade, e podem causar distúrbios hormonais como o hipotireoidismo, que dificulta a perda de peso. Também pode ter variação hormonal, como excesso de insulina, redução do hormônio de crescimento, excesso de hidrocortisona e outros.
3- Quais as opções de tratamento?
Mudança de hábitos alimentares e prática frequente de exercícios físicos. Remédios pode ajudar a controlar a fome e ansiedade, melhorar da saciedade e reduzir a absorção de gordura. Mas, só devem ser utilizada com orientação médica, em um programa de mudança de hábitos. O balão intra-gástrico também é uma boa opção.
4- Por que algumas pessoas se exercitam e fazem dieta e mesmo assim não emagrecem?
Elas podem ter um distúrbio glandular ou uma doença que sabota a perda de peso. Se esse não for o caso precisam de uma avaliação médica para conferir o gasto calórico diário e adaptar a alimentação.
5- É verdade que os obesos morrem cedo?
As pessoas obesas, em média, vivem menos que as magras, pois têm mais doenças metabólicas (diabetes, colesterol elevado), cardiovasculares (infarto do coração, AVC) e oncológicas (alguns tipos de câncer). Mas antes de pensar nisso é preciso relevar que a obesidade impacta a qualidade de vida e traz prejuízos em várias áreas.
6- Quando a cirurgia da obesidade está indicada?
A avaliação é individual, mas pacientes com IMC acima de 40 Kg/m2 há pelo menos dois anos e sem sucesso com tratamentos clínicos, como dieta, atividade física e medicação e pacientes com IMC acima de 35 Kg/m2 com doenças crônica associadas são candidatos à cirurgia bariátrica.
7- Por que há crianças obesas quando os pais são magros?
A obesidade vem da genética e da influência do ambiente. Uma criança pode herda genes do pai e da mãe que são suscetíveis à obesidade. E se viver em um ambiente de sedentarismo e fartura de comida calórica a obesidade vai se manifestar nela, mesmo que não tenha alcançado os pais.
8- Crianças obesas podem fazer o mesmo tratamento que os adultos obesos?
Não, precisam ser acompanhadas com um endocrinologista especialista. Jamais devem tomar fórmulas ou fazer dietas da moda. Verifique quem são os médicos indicados no site da SBEM.
9- A obesidade afeta a vida sexual?
Não é regra, mas pode afetar, em alguns casos, com a diminuição de libido e problemas de ereção nos homens e nas mulheres pode reduzir os níveis de hormônio feminino e aumentar o os masculinizantes, que geram pelos, irregularidade na menstruação e ovulação. Não é nada impossível de tratar, nem a imposição de um diagnóstico negativo.
10- Remédios para moderar o apetite fazem mal?
Podem ter efeitos colaterais, como todo medicamente, por isso tomar indiscriminadamente é uma atitude condenável, que não gera bons resultados. A orientação e supervisão do médico são fundamentais.
11- Dá para emagrecer sem tomar remédios?
Sim, se você conseguir mudar sua alimentação. Remédios só ajudam a comer menos.
12- A compulsão alimentar é uma doença?
Sim. Não é “malandragem” ou falta de vontade, como alguns dizem, é uma doença que precisa ser tratada com psicoterapia e medicação.
13- Dá pra emagrecer sem se privar tanto das coisas boas?
Sim, se você contar com a orientação de um médico endocrinologista e de um nutricionista, que personaliza o seu cardápio, para que tenha alimentos que você gosta. Não vai adiantar seguir dietas restritivas de uma maneira que você não se envolve.
14- É preciso mesmo procurar um endocrinologista?
Sim. É o único médico com treinamento específico para avaliar, tratar e acompanhar os casos de obesidade. Fuja dos profissionais mal-intencionados que, preocupados apenas com o lucro, prescrevem fórmulas que geram perda de peso com efeito rebote.